A história da África é conhecida no Ocidente por escritos que datam da Antiguidade Clássica. No entanto, vários povos deixaram testemunhos ainda mais antigos das suas civilizações. Para além disso, os mais antigos fósseis de hominídeos, com cerca de cinco milhões de anos, foram encontrados na África, permitindo considerá-la o "berço da humanidade".[8]
O Egito foi provavelmente o primeiro estado a constituir-se na África, há cerca de 5000 anos, mas muitos outros reinos ou cidades-estados se foram sucedendo neste continente, ao longo dos séculos. Podem referir-se os estados de Kush e Meroé, ainda no nordeste de África, o primeiro estado do Zimbabwe e o reino do Congo que, aparentemente floresceram entre os séculos X e XV.[8]
A estrutura moderna da África, em termos de divisão entre estados e línguas de trabalho, no entanto, resultou da partilha da África pelas potências coloniais europeias na Conferência de Berlim. Com excepção da Etiópia, que só foi dominada pela Itália durante um curto período, e da Libéria, que foi um estado criado pelos Estados Unidos da América durante o processo de abolição da escravatura, no século XIX, todos os restantes países de África apenas conheceram a sua independência na segunda metade do século XX.[8]

 Paleontologia


Crânio de Proconsul heseloni.
Os estudos arqueológicos africanos comportam duas subdivisões: a arqueologia do Egito e da África do norte, que tem sido estudada em relação com as do Mediterrâneo, Europa e Ásia ocidental; e a arqueologia da África subsaariania, que tem desenvolvimento próprio.[9]
A África é parte da massa terrestre do Velho Mundo que contém alguns dos mais antigos fósseis proto-humanos conhecidos.[9] Para Charles Darwin, foi o continente que primeiro testemunhou o aparecimento do homem, afirmação mais tarde reforçada por notáveis historiadores, entre os quais Pierre Teilhard de Chardin.[10] Além disso, é à fauna africana que pertencem os dois primatas mais próximos do homem: o gorila e o chimpanzé.[11] A opinião conservadora tende, porém, a considerar a Ásia como o centro das origens humanas,[9]"/> em parte por influência de antigas ideias históricas e filosóficas e em parte devido às descobertas de macacos do Mioceno e Plioceno,[9] bem como do Pithecanthropus erectus, em Java (1891),[12] e do Sinanthropus pekinensis, na China (1929).[13] Esta controvérsia foi reavivada por dois eventos arqueológicos: a descoberta na África meridional e oriental de um grupo de macacos semelhantes ao Homo erectus, pertencente à familia dos Australopithecinae;[9] e o achado, no Quênia, de um macaco do antigo Mioceno, Proconsul africanus,[14] e, em 1961, de outro macaco do Mioceno recente, o Kenyapithecus, que pode ser o ancestral direto do homem.[9][15]
Em 1924, a primeira de uma série de descobertas feitas na Bechuanalândia (atual Botswana) e no Transvaal (África do Sul) revelou a existência do Australopithecinae, criatura intermediária entre o macaco e o homem.[9] Descobertas similares foram realizadas na Tanzânia a partir de 1959.[9] Também achados de fósseis humanos foram escavados em Palikao, Argélia, e Sidi Abderramã, Marrocos; todos esses fósseis pertencem ao Atlanthropus mauritanicus,[16] que aparentemente representa a forma africana do Homo erectus asiático e pode ser o próximo estágio na evolução do hominídeo, após os Australopithecinae.[9] Em 1960, um crânio deste tipo foi encontrado em Oldoway, na Tanzânia.[9]
Outras formas primitivas do homem que habitaram a África durante o Pleistoceno podem ser agrupadas em duas principais categorias.[9] A primeira é um grupo gerontomorfo de hominideos, pertencente ao tipo bastante difundido dos Rodesióides.[9]> E o segundo é o tipo de Homo sapiens pedomorfo, que aparentemente precede os atuais boxímanes do Kalahari.[9] Os Rodesióides são conhecidos através de três espécies:[9]

Crânio encontrado em 1921.
Quanto às formas primitivas de Homo sapiens identificadas no continente africano, salientam-se as seguintes:[9]
  • Homem de Kanam, muito anterior aos Rodesióides, segundo L. S. Leakey, que descobriu um fragmento de mandíbula nas praias do golfo de Kavirondo, no lago Vitória;[9]
  • Homem de Kanjera, cujos fragmentos de crânio foram encontrados em Kanjera, não muito distante de Kanam, e datam provavelmente do médio Pleistoceno;[9]
  • Crânio de Florisbad, pertencente a um espécime notável, descoberto em 1932 por T. F. Dreyer, em Florisbad, a 40 km de Bloemfontein, na África do Sul;[18]
  • Originariamente denominado Homo helmei, data de cerca de 37 000 anos;[9]
  • Crânio de Boskop, descoberto em 1913, próximo a Boskop, República da África do Sul, cuja capacidade provável era de 1700 cm3, bastante mais elevada que a capacidade craniana do homem moderno[19]
  • Crânio de Singa, encontrado no Nilo Azul, que apresenta semelhança com o crânio de Boskop, mas pertenceu possivelmente a um indivíduo do tipo Rodesióide anormal.[20]

 Pré-história

Seu conhecimento é relevantíssimo, pois aí surgiram os hominídeos, suas culturas e indústrias mais antigas. Nenhum outro continente contribuiu tanto para a humanização dos nossos ancestrais.[21]
Emergindo da animalidade com os australopitecineos nas savanas da África centro-oriental e meridional (do Quênia ao Transvaal), aqui o homem iniciou sua grande aventura de vencer o meio, que o conduziria ao domínio do planeta. Aqui nasceram e evoluíram os primeiros seres humanoides e suas culturas básicas, tanto pré-líticas como líticas, estas nas duas tradições fundamentais de núcleo e de lascas. No Paleolítico inferior, durante mais de 90% dos tempos pré-históricos, acompanhando o lento fluxo e refluxo dos três primeiros glaciares que, na África, originaram períodos pluviais conhecidos por Kangueriano, Kamasiano e Kanjeriano, processa-se ali toda a evolução do machado de mão, através de uma seqüência ininterrupta de singulares culturas.[21]

"Lucy"ou Lilia no Museu Nacional de Antropologia da Cidade do México.
Elas são desde o Oldowayano (associado ao Zinianthropus, australopitecíneo descoberto em 1959 por Leakey, no Quênia), passando pelo Cheleano e Acheuliano (associadas aos pitecantropíneos de Ternifine e Sidi Abderramã encontrados respectivamente por Arambourg e Biberson em 1955) para desabrochar na melhoria das técnicas de trabalho em pedra, ditas "levalloisianas", que são características do Paleolítico médio, culminando na cultura ateriana da Tunísia. Neste período, quando começa a especialização dos artefatos, a África contribui com duas culturas distintas, a sangoana e a de Fauresmith, aquela florestal, esta em regiões mais altas, de savana. No último pluvial, o Gambliano, correspondente ao glacial de Würm, o H. sapiens em formas fósseis substitui os hominídeos anteriores. Essas formas africanas são ou "proto-australóides" (homens de Florisbad, da Rodésia, de Saldanha), ou "protobocimanóide" (crânios de Boskop, Matjes River etc.) da qual provêm os boxímanes. A esses troncos étnicos junta-se terceira cepa, "protocaucasóide", vinda provavelmente do sudoeste africano, que origina a cultura capsiana no Quênia, a qual descobre o arco e flecha e é ancestral dos grupos que falam linguas hamíticas, como os berberes e os tuaregues do norte da África, os galas e os somalis da África oriental e os egípcios e abexins; razão pela qual é também denominada, impropriamente, de "proto-hamítica". Cruzamentos complexos dessas três cepas, ainda controversos, teriam originado os pigmeus (negritos) e os hotentotes.[21]
Depois do Gambliano começa o dessecamento progressivo do Saara, prejudicando os contactos até então existentes entre a África do norte e o resto do continente. Surgem indústrias transicionais, microlíticas (Magosiano, lupembo-tshitoliano), sucedidas na África meridional pelas culturas meso e neolíticas de Smithfield e Wilton, extensas, o Nachikufano da Rodésia e o Tshitoliano florestal do Congo. Entrementes, na África do norte surge o Oraniano, com influência celta, que eventualmente coloniza o baixo Egito no X milênio a.C., e se alastra vigorosamente o Capsiano superior.[21]
Entre o IX e o V milênios a.C. constatam-se movimentos de povos e influências levantinas na África do norte, a última das quais foi a vinda dos natufianos da Palestina até o delta oriental do Nilo, preparando assim o Neolítico e a protohistória egípcia. No V milênio, o Neolítico se instala no Fayum (baixo Egito) e em Deir Tasa (alto Egito); cerca de 4.000 a.C. começa o período calcolítico (utilização do cobre) em Badari, no alto Egito, e um pouco mais tarde em Melinde, no baixo Egito.[21]
Só no início do IV milênio a.C. é que se atesta a presença de negros na África, no Mesolítico de Cartum; sua origem continua mal explicada.[21]
No alto Egito, os amratianos sucedem aos badarianos, sendo substituídos pelos gerzeanos cerca de 3.600 a.C.; esta cultura recebe indiscutível influência mesopotâmica, inclusive a ideia da escrita, aparecendo os primeiros hieróglifos no Gerzeano Tardio, uns 3.400 a.C. O rei do alto Egito prepara a unificação do país, que é realizada por seu sucessor, o lendário Menes, Meni ou Min (é a forma preferida por Heródoto). Tem sido identificado com um ou mais de um dos reis chamados Escorpião, Nar-mer e Aha. Mas não há prova conclusiva disso. Ele fundou a I dinastia egípcia, cerca de 3.200 a.c.[21]
Fora do Egito, que teve sua Idade do Bronze, os outros povos africanos passaram diretamente à Idade do Ferro;[22] e, salvo os da faixa mediterrânea, permaneceram na proto-história, conhecidos somente através de alguns relatos de viajantes árabes medievais, até o século XV e, mesmo, até meados do século XIX. Os negros, pastoralistas e agricultores, cruzaram-se amplamente com as outras cepas e, paulatinamente, ocuparam toda a África subsaariana, tangendo para zonas de refúgio nas florestas do Congo os negritos e para o deserto de Kalahari os boxímanes, mais atrasados. No processo, dividiram-se em dois grandes troncos lingüisticos, os bantos e sudaneses, ambos com muitas tribos, fundando reinos e impérios medievais proto-históricos, como o de Monomotapa, no Zimbabwe, e os de Gana, Mali, Songhai, Benin etc. no Sudão. Suas migrações só cessam bem adiantado o século XIX.[23]

 Primeiros tempos

No século II a.C., Africa Terra era, para os escritores latinos, a Tunísia setentrional, dominada por Cartago, região dos indigenas Afri. Aos poucos o termo estendeu-se ao norte da parte habitada por brancos, até que identificou todo o continente. Os aspectos físicos da África são quase sempre apresentados como obstáculos à penetração estrangeira, em todas as épocas, no continente. Os desertos, a floresta equatorial e as montanhas isolaram tribos que sofreram infuências orientais e ocidentais muito diferentes.[24]
O século XIX marcou o devassamento da África pela civilização da Europa industrializada, acarretando profundas modificações nas populações locais. A África sempre sofreu o impacto das transformações mundiais.[24]

 Antiguidade


As quatro colossais estátuas de Ramsés II na entrada do templo de Abu Simbel, símbolos da civilização do Antigo Egito.
O Egito foi, na Antiguidade, o estandarte da civilização africana.[25] A população, que se estabeleceu ao longo do vale fértil do Nilo, sofreu desde logo a imposição de uma disciplina coletiva, pois o solo arável era restrito.[26] Nos tempos históricos a autocracia faraônica conduziu um país fortemente hierarquizado.[26] A religião fluiu da magia a uma doutrina baseada na justiça.[27] Até a invasão dos hicsos, o Egito permanecera praticamente fechado à infuência estrangeira.[26] Nos meados do segundo milênio a.C., a ameaça asiática levou o Egito ao expansionismo, principalmente após a XVIII dinastia, quando sua história ligou-se profundameme ao Oriente antigo.[28] No fluxo de riquezas desse período surgiu a decomposição sócio-política do Egito.[29] Caminhou, assim, para a anarquia, caindo, por fim, no domínio macedônico.[30] A dinastia lágida não pôde resistir ao impacto da conquista romana.[31][26]

Mapa do Antigo Egito e nomos.
Cartago, antiga colônia de Tiro, fundada na primeira metade do século IX a.C. foi o grande centro de civilização da África do norte.[32] Controlou o Mediterrâneo ocidental e estabeleceu forte contacto com os berberes, levando a esses povos o bronze, o ferro e artigos diversos.[26] No centro da atual Tunísia, as terras conquistadas aos berberes foram divididas em domínios agrícolas pela aristocracia cartaginesa.[26]
Os romanos, depois do século II a.C., continuaram aí a exploração racional do solo.[26] Os mercenários do exército e da frota de Cartago eram recrutados entre os nativos norte-africanos.[26] O governo cartaginês foi aristocrático, dominado pelos homens de negócios, submetendo as classes menos privilegiadas pelo terror e corrupção.[26] Ultrapassando o estreito de Gibraltar, os navios cartagineses fizeram comércio com tribos do litoral atlântico da África e Europa.[33] Por terra, através do Saara, o comércio com o Sudão foi intenso.[nota 1] As lutas contra o crescente poderio romano levaram Cartago à completa destruição.[26][34]
Durante as guerras Púnicas alguns príncipes berberes apoiaram Roma.[26] Um deles, Massinissa, chefe dos númidas de leste, afirmava que a África deveria pertencer aos africanos.[nota 2] Roma, aos poucos, conquistou a Berberia: guerra contra Jugurta (112-105 a.c.);[35] domínio da Numídia (25 a.c.),[nota 3] e da Mauritânia (40 d.C.).[nota 4] A política romana foi no sentido da exploração do norte da África e do Egito.[26] Paralelamente, lutava contra os reinos indígenas dos montes Atlas.[26] Mas várias regiões do planalto argelino e tunisino furtaram-se ao domínio romano.[26] No Egito, Roma manteve a estrutura político-social herdada dos lágidas e do helenismo, mas hierarquizou romanos, gregos e egípcios, deixando os agricultores nativos nas piores condições de trabalho.[26] No século III d.C. o norte da África acompanhou a decadência do império, travando-se lutas que levaram â desagregação provincial.[26][36]

 Idade Média

As invasões bárbaras no império romano tiveram seu capítulo particular nessa região. Os vândalos de Genserico tomaram o Marrocos em 429 d.C., sendo acolhidos como libertadores. Além de tirarem as terras dos latifundiários, entregaram-se â pirataria no Mediterrâneo ocidental.[37] A reação berbere aos invasores, fato característico em toda a história da África do norte, processou-se violentamente, e no século VI os vândalos foram expulsos da Tunísia para oeste.[38] Neste mesmo século, as tropas bizantinas de Justiniano liquidaram os vândalos, reconquistando a região, mas deixando livres certos reinos nativos. No Egito, o domínio do Império Romano do Oriente levou a uma espécie de feudalismo vale do Nilo, sendo a terra dominada pelos latifundiários. A perseguicão aos heréticos monofisitas e aos judeus, a tirania dos impostos imperiais. A decadência das atividades econômicas de Alexandria, em proveito de Constantinopla, criaram o clima propício para a invasão árabe.[39]

A expansão do Islão.
A dominação árabe iniciou-se por duas vias diferentes, uma na África do norte e outra na África oriental. Na África do norte a conquista muçulmana começou em 640, no Egito. Apoiando-se nos adversários da dominação bizantina, o chefe árabe Amr ibn al-As pôde ocupar o delta. A partir daí toda a antiga província da África caiu nas mãos dos muçulmanos. Na Ifríquia (Tunísia e Argélia oriental) fundaram Kairuan, em 670, baluarte na luta contra os maiores inimigos dos árabes - os berberes do Maghreb, palavra que significa "ilha do ocidente". Apesar dessa resistência, a islamização foi grande e os neoconversos foram usados no ataque e conquista da Espanha (711). Mas os berberes aderiram a um cisma muçulmano, o carijismo, iniciando-se uma série de perseguições e massacres por pane dos árabes. Enquanto durou o dominio árabe sobre o Maghreb (647-1060), jamais houve paz. Continuava marcante o caráter de independência berbere, acentuado pela mentalidade muçulmana de "guerra santa". A administração árabe no norte da África usou como base Fostat, no Egito, e Kairuan, verdadeiros postos de vigilância. Os infiéis conservavam seus bens mas pagavam impostos. Cada província era governada por um cádi, obediente ao califa. Os nativos islamizados formaram uma nova classe, falando árabe, exercendo enorme influência na política local. Em alguns séculos de dominação surgiu uma civilização árabe-africana, de grande importância até hoje. Enquanto durou o califado omíada (660-750), O norte da África esteve unificado. Já na era dos abássidas, sediados em Bagdad, surgiram reinos berberes autônomos como o dos idríssidas (728-922) no Marrocos, fundadores de Fez; o dos rostêmidas (776-908) na Argélia; e o dos tulúnidas (868-895) no Egito. Embora esses reinos não pudessem resistir aos ataques da dinastia fatímida, começava a desagregar a unidade política da dominação árabe no norte africano e as lutas entre pastores nômades e agricultores dominaram a história do Maghreb até o fim do século X. Os árabes cujas dinastias lutavam entre si, tentaram retomar a região. O califa do Cairo lançou contra a Ifríquia as tribos dos hiiálidas, nômades que se caracterizaram pela pilhagem e devastacão. Aos poucos come arama surgir as diferencas regionais que levaram às divisões da África do norte atual. O Marrocos foi o primeiro a se subtrair à infuência da autoridade árabe. Os almorávidas, ligados âs tribos negras islamizadas do Senegal, fundaram Marrakech e conquistaram a Berberia até Argel, em guerra santa que pregava a volta â ortodoxia islâmica e â conversão dos pagãos (século XI). Em seguida, sob a chefia de Ibn Tachfin, atacaram, procurando renovar a unidade árabe em face dos reinos cristãos (séculos XI e XII). Desta forma, o espírito de conquista que desaparecera nos árabes renascia nos berberes por longo tempo. Quando decaiu o impulso almorávida, surgiram os almôadas, dentro do mesmo espírito de ortodoxia e guerra santa. Em 1147 conquistam o Marrocos, depois a Espanha e, por fim, expulsaram os normandos que se haviam instalado na África do norte. A Berberia e a Espanha do século XI estavam sob o domínio dos califas almôadas. Mas nos três séculos seguintes o Maghreb dividiu-se em reinos rivais.[39]

Porta tradicional do litoral suaíli, estilo Zanzibari, em Zanzibar.
Na África oriental, os árabes muçulmanos exerceram também sua dominação, mas em caráter periférico. Nos séculos VII e XI estabeleceram uma série de postos na costa africana do Índico: Mogadíscio, Melinde,< Mombaça, Pemba, Zanzibar, Moçambique, Quiloa, Sofala e Madagascar. O interesse era puramente comercial e não de conquista e conversão religiosa. Nas cidades, os árabes representaram a aristocracia financeira,miscigenando-se com a população local. Cada cidade viveu independentemente, com ligeira preponderância de umas sobre outras, não formando impérios. Essa influência árabe terminou no começo da Idade Moderna, ao surgir o dominio português. O comércio árabe na África oriental com bantos e boxímanes fez-se com tecidos, metais, marfim, ouro do Zimbabwe e, sobretudo, escravos, que eram vendidos na Ásia, até a China. Fomentando guerras locais pala a obtenção de escravos, concorreram os árabes para o despovoamento. Faziam entrepostos no interior do continente, comunicando-se por caravanas. Seus contatos com as tribos eram comerciais, e nunca procuraram dominá-las.[40] Possivelmente introduziram na África tropical o arroz e a cana-de-açúcar.[41]

Mapa das civilizações africanas antes da colonização europeia.
O Sudão ocidental teve história originalíssima. Aí nasceram impérios negros, muitos deles islamizados, pelo menos superficialmente. Na região do Senegal-Níger esses impérios tornaram-se fornecedores de ouro para o mundo mediterrâneo e a Europa até a chegada do ouro americano. As minas de ouro de Bambuc, entre o Senegal e o Falemê, tornaram-se famosas na Idade Média. Os imperadores negros e suas cortes enriqueceram no comércio com o Maghreb, de onde vinham as caravanas, através do Saara. Além do ouro, pesaram decididamente no comércio os escravos, marfim, sal e tecidos. Gana foi o primeiro desses impérios, nascido por volta do século IV a.C., nas margens ocidentais do Níger. No século XI alcançava seus limites máximos, indo do Atlântico ao Níger e do Tecrur ao Saara. Estado negro do grupo Saracolê era governado por um soberano despótico, bastante influenciado pelos muçulmanos, que se estabeleceram em Gana no fim daquele século. Os almorávidas iniciaram a difusão da fé muçulmana no Sudão, entre as tribos submetidas por Gana. Em poucos anos, elas se revoltaram e o império acabou, formando-se reinos cuja base dominante era muçulmana. Muitos povos, como os bambaras e os mossis da foz do Níger, não aceitaram o Islam, mas no século XI o dominio muçulmano estendia-se do Atlântico ao Darfur. No século XIV, Tombuctu tornou-se o centro de irradiação do Islam para o Sudão. Aí reinou sobre os mandingas do Mali o célebre mansa (rei) ou Kango Mussa (1307-1332), num império que se limitava entre os vales do Falemê e do Bani e do sul argelino até a floresta equatorial.Enquanto a corte era muçulmana, o povo continuava em suas práticas tradicionais. Desenvolveu-se o comércio com o Maghreb. Mussa financiou a arquitetura de inspiração andaluz-magrebiana. Sua viagem a Meca e ao Cairo intensificou as ligações do Sudão com o Oriente. No século XV os berberes e os mossis do Alto Volta dominaram o império. Neste mesmo século surgiu o império songai, com a capital em Gao, dominando grande parte do Sudão ocidental e trechos do Saara. Bem organizado, Gao estabeleceu o tráfico regular do Níger,unificou pesos e medidas, e os judeus participaram ativamente no comércio. O Songai comerciou intensamente ouro e escravos com o Maghreb. Gao tornou-se também um centro de difusão muçulmana no Sudão e doutores negros da religião pregaram na África do norte. No século XVI, renegados espanhóis, a serviço do sultão do Marrocos, dominaram a região.[41]

Cabeça de marfim, Império de Benim, século XVI (Metropolitan Museum of Art).
Na Nigéria, entre 1575 e 1648, o reino do Benin teve bastante desenvolvimento cultural e comercial e sua arte marcou um estilo africano nessa área. Entre os séculos XV e XIX o Islam continuou seu dominio sobre o Sudão ocidental e oriental. A Abissínia era uma ilha de cristianismo no continente fetichista e muçulmano. O cristianismo copta do altiplano etiópico teve caráter original. O clero era numeroso. Na Idade Média, judeus e cristãos entraram em luta pela posse do trono, tendo aqueles alcançado o governo por um curto período.[41]
Outros reinos que escaparam à influência do Islam têm história menos conhecida. O reino do Congo, que fora fundado no século XIII, acolheu bem o proselitismo cristão trazido pelos portugueses, que transformaram Mbali numa cidade de pedra, com muitas igrejas, dando-lhe o nome de São Salvador. No século XVIII foi abandonada pelo porto de São Paulo de Luanda. Outra região com que os portugueses comerciaram do século XVI ao século XVIII foi Monomotapa, constituida pela confederação das tribos Chona.[41]
Até o século XV o africano conhecera mais fortemente a influência islãmica. Muitas tribos nem chegaram ao contacto com o árabe. A partir daí, a penetração europeia na Africa fez-se lentamente, até que, no século XIX, o expansionismo europeu, decorrente da Revolução Industrial, suprimiu o isolamento africano, ultrapassando tecnicamente as barreiras geográficas, modificando a estrutura sócio-econômica dos aborígines, postos a serviço dos interesses de grupos e potências estrangeiras.[41]

 Idade Moderna

Os ibéricos, principalmente os portugueses, iniciaram a conquista da África que, dos séculos XV a XVIII, foi periférica. Em 1415 os lusos tomavam Ceuta. Logo uma série de pontos no litoral norte-africano caíram em mãos europeias. Nessa ocupação restrita, a expansão da fé cristã representou importante papel. Contra essa intervenção, santos locais ou marabus insuflaram a guerra santa. Independência e luta contra o infiel caracterizaram os movimentos berberes. A reação nativa estava presa também à decadência do tráfico caravaneiro no Saara em demanda do Maghreb, pois os portugueses e depois holandeses, ingleses e franceses desviaram para o litoral atlântico o comércio de ouro e escravos.[42] No começo do século XVI, os turcos otomanos, que destruíram o império bizantino e irromperam na Berberia, ocupam postos estratégicos no litoral, dedicando-se ao corso do comércio cristão no Mediterrâneo.[43] Internamente os conflitos turco-árabe-berberes delinearam as atuais Tunísia, Argélia e Marrocos. Os turcos deram ao norte da África uma organização baseada nos chefes locais, prestando tributo a Constantinopla. Aos poucos, o dominio do sultão tornou-se nominal, deixando aos governadores militares a iniciativa na administração e conquista.[44]

Uma carta náutica de Fernão Vaz Dourado, da África ocidental extraída do atlas náutico de 1571, pertencente ao Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Lisboa.
Para os portugueses, além da obtenção do ouro de que necessitava a burguesia europeia, a África representava um objetivo mais longinquo: a instalação de entrepostos que balizassem o caminho oceânico para as Índias. Assim reconheceu-se Serra Leoa. Em 1482, Diogo Cão chegava à foz do Congo; em 1488, Bartolomeu Dias dobrava o cabo das Tormentas (Boa Esperança) e em 1497, Vasco da Gama, após contornar o mesmo cabo, tocava em Natal, Sofala e Melinde, chegando afinal a Calecut. Abria-se nova era no comércio internacional e o litoral da África representava o papel de fornecedor e escala. O trânsito direto das especiarias para Lisboa provocou enorme golpe na economia egípcia, declinando o comércio de Alexandria. Os portugueses, pela destruição do comércio árabe e da frota egipcia, dominaram o oceano Índico até o começo do século XVII.[44]

Esquema mostrando como eram transportados escravos em um navio negreiro.
Tornaram-se defensores da Abissínia, realizando o sonho secular da aliança com as terras do Preste João. A catequese levou jesuitas e dominicanos ao contacto com os bantos, que a eles reagiram violentamente. Portugal procurou dominar os portos de escoamento de ouro, marfim e pimenta. Fracassou a tentativa da posse do ouro de Bambuc. Abaixo do equador, os lusos instalaram-se em pontos que foram a origem de Angola e Moçambique, visando ao ouro da Rodésia e às lendárias minas de prata do sul do Congo. Até à época do domínio espanhol (1580) os portugueses exerceram o monopólio do tráfico negreiro, abastecendo as plantações do Brasil. Daí em diante franceses, holandeses e ingleses entraram no tráfico.[44]
As companhias de comércio da era mercantilista dividiram entre si as zonas de exploração do nefando comércio. No século XVII, os holandeses, mais bem equipados, dominaram o tráfico. Na centúria seguinte, ingleses e franceses lutaram pelo privilégio do "asiento". No litoral atlântico, o tráfico estendia-se numa faixa de 3.500 km de costa entre a Mauritânia e o Congo. Na segunda metade do século XVIII, o tráfico estendeu-se a Angola. O escambo fazia-se com a troca de negros por mudas de cana-de-açúcar, tabaco, aguardente e produtos da Ásia.> Nessa época, pelo menos 100 mil escravos eram exportados por ano. Com o advento da Revolução Industrial, os interesses europeus somaram-se à ação de seitas religiosas e dos filantropos, e a escravidão foi combatida. Mas continuou, sob mil disfarces. O comércio escravo atingiu o interior, despovoando grandes áreas em virtude das razias que as tribos litorâneas, mancomunadas com os negreiros, realizavam.[44]

Império Ashanti (esboço vermelho) durante o século XIX.
Enquanto isto, no Sudão ocidental, formaram-se, no século XVII, alguns reinos, como de Andres, no baixo Daomé, e dos Ashanti, na Costa do Ouro (hoje Gana). Estes lutaram contra os ingleses no século XIX. Os tuculores islamizados fundaram, no século XVIII, um reino teocrático no Futa-Djalon e depois no Futa-Toro. No século seguinte, o conquistador El Hadj Ornar unificou os tuculores num império que ia do Senegal a Tombuctu, fazendo frente à dominação francesa.[44]
No Sudão central, o reino de Bornu a oeste e a sul do lago Tchad viveu submetido ao despotismo de chefes indígenas, desde o século XVI, e no século XIX ainda era forte, comerciando com a África do norte. Dos séculos XVII a XIX, o Uadai, no sudeste do Tchad, foi unificado por um grande império, que entrou em decadência nas lutas contra Bornu. No Sudão oriental, o Darfur, dirigido desde 1596 por uma dinastia árabe, alcançou esplendor nos séculos seguintes. A islamização da África ainda continua, apesar de todos os embates com o mundo ocidental.[44]
No século XIX, a metade da população sudanesa era islamizada. Os wolofs ou volofs, os tuculores, os saracoleses, os songais, além de outros grupos, usavam o árabe e escreviam em árabe, não abandonando os dialetos locais.[44]

Povo Bambara no vale superior do rio Sénégal, 1890. (ilustração do Coronel Frey, da costa ocidental da África, 1890, Fig.49 p.87).
Muitas tribos continuaram isoladas do islamismo, como os bambaras, os sereres, os mossis, as tribos do Sudão meridional e da floresta equatorial, em grande parte.[44]
Desalojados da Guiné pelos holandeses, os portugueses conservaram Angola e Moçambique. Os neerlandeses estabeleceram-se em 1651 no cabo da Boa Esperança, devido às vantagens para o comércio no Oriente.[44]
Só em 1795 os holandeses iniciaram a colonização na África meridional, com dois mil colonos, incluindo também huguenotes franceses, estabelecendo-se no Karraoo.[45]

[editar] Idade Contemporânea


Litografia retratando a construção do Canal de Suez.
No fim do século XVIII a política napoleônica dirigiu-se ao norte da África. Bonaparte, pretendendo transformar o Mediterrâneo em um lago francês, isolando o poderio inglês das rotas do Oriente, lançou-se ao Egito em 1798. Embora terminasse derrotado, tirou o poder aos mamelucos e abriu caminho para o renascimento egípcio. Em 1805, Maomé-Ali fez-se reconhecer paxá pelo sultão turco, que exercia poder nominal sobre o norte da África. Chefe da milícia albanesa, fortaleceu o seu poder a partir de 1811, liquidando os restos do poder mameluco. Organizou um Estado centralizado e com o concurso de estrangeiros preparou enorme exército e grande esquadra e reorganizou a indústria e a agricultura. Seguindo uma política expansionista, Maomé-Ali conquistou Senar e Kordofan, criou Kartum e auxiliou a Turquia na sua tentativa de reprimir a insurreição grega. Em 1840, a Inglaterra obstou suas pretensôes sobre a Síria. Seus sucessores desbarataram os recursos do Egito e os financistas internacionais dominaram o país. A Inglaterra opôs-se à abertura do canal de Suez, mas acabou possuindo a maioria das ações do canal, abrindo novas perspectivas para o comércio com o Oriente. O fim do século XIX marcou nova perda da independência política do Egito, com o enfraquecimento do império otomano e o domínio britânico.[46]
Na África do Sul os ingleses anexaram o Cabo e, juntamente com os bôeres, apropriaram-se das melhores terras dos nativos. A interferência de missionários protestantes levou à extinção da escravidão. A pressão inglesa determinou a emigração em massa dos bôeres para a região dos rios Vaal e Orange (1834-1848), fundando-se dois Estados: Orange e Transvaal. Os choques com os zulus (grupo banto) multiplicaram-se, tendo os nativos formando uma confederação de tribos, chefiados por Chaka, defendendo-se tenazmente.[46]
Em 1830, os franceses invadiram a Argélia e iniciaram a colonização nos governos de Luís Filipe e Napoleão III. A Berberia islamizada vem resistindo nestes dois séculos à dominação europeia. O grande chefe berbere foi, no século passado, Abd el-Kader, que levantou as tribos em guerra santa.[46]
Em 1847, a colônia que filantropos americanos haviam fundado entre Serra Leoa e Costa do Marfim transformou-se na república negra da Libéria.[46]

 As explorações científicas

Retrato de James Bruce.
David Livingstone foi um dos primeiros europeus a explorar o interior da África.
A fase de ocupação periférica da África estava prestes a terminar. As grandes potências já possuiam o cabedal técnico e os interesses econômicos para dominar o imenso continente. A fase de expansão ocidental sobre a África e sua conseqüente divisão em colônias teve seus antecedentes nas explorações que cientistas, aventureiros e missionários realizaram, muitos deles colaborando também na apropriação de territórios pelos países europeus. Entre 1768 e 1773 o escocês James Bruce viajou através da Abissínia e do Senar e reconheceu as nascentes do Nilo Azul. Em 1788 fundava-se em Londres a Associação Africana (transformada em 1831 na Sociedade Real de Geografia), iniciando-se a exploração metódica da África. Em 1796, o médico escocês Mungo Park reconheceu a região do rio Níger, morrendo assassinado nos rápidos de Bussa. O médico português Lacerda explorou o Zambeze e chegou ao lago Mwero. Em 1823, Clapperton, vindo de Trípoli, chegava ao Tchad e, em 1825-1827, ao Níger. A exploração mais fecunda foi realizada pelo sábio alemão Barth que, do Tchad, percorreu as regiões de Tombuctu, a oeste, e Adama, ao sul (1850-1855). Deixou copiosa e segura documentação sobre suas viagens. Entre 1860 e 1875, Os alemâes Rohlfs e Nachtigal fizeram enormes reconhecimentos geográficos, lingüísticos e de história natural no sul do Marrocos, Saara e Sudão. Na segunda metade do século XIX, a África oriental e austral foi devassada. O missionário anglicano Livingstone, que consagrou sua vida em defesa do negro, explorou a África do oeste para leste, morrendo em 1873. Speke, entre 1852 e 1862, explorou os Grandes Lagos, desceu o Nilo até Cartum, resolvendo o problema da origem do grande rio. Baker mostrou que os lagos Alberto e Malawi (ex-Niassa) eram os principais reservatórios do Nilo. O jornalista inglês Stanley, vindo do leste para oeste, desceu o Lualaba até o Atlântico, provando que era o curso superior do Congo (1874-1877). Em sintese, partindo e chegando a pontos conhecidos, os exploradores seguiram os cursos dos grandes rios ou seus divisores d'água e revelaram ao mundo a riqueza dos recursos naturais da África e a realidade das populações indígenas, muitas em nível primitivo, outras já bem decadentes por séculos de exploração, mas quase todas indefesas ao poderio europeu, ávido de matérias-primas e novos mercados. Abria-se a África à fase imperialista.[47]

 Imperialismo ocidental

Após 1870, a África foi o palco das disputas internacionais.[48] Nos países já independentes, como Egito e Tunísia, a soberania desaparecia ante a intervenção das finanças estrangeiras, mudando-se a estrutura socioeconômica em benefício aos interesses estrangeiros. Os países e companhias dominadores investiram grandes somas na "explorarão dos recursos naturais africanos, nos setores da engenharia, indústria e agricultura. O nativo, dominado por uma pequena minoria branca, trabalhou nessa empresa, mas teve pouquíssimo participação nas riquezas criadas. No correr dos anos formaram-se elites africanas que, tomando consciência da situação dos indígenas, iniciaram os movimentos de libertação, ao lado dos ideais pan-africanistas. As primeiras intenções provocaram a reação do nacionalismo xenófobo norte-africano, ainda baseado na tradição de independência berbere.[49]
No Egito, o oficial Arabi Paxá chefiou uma revolta contra a subserviência do quediva aos estrangeiros e, em 1882, foi votada uma constituição de base parlamentar.[49]
O chanceler alemão Bismarck apoiou as pretensões francesas de domínio da região, como uma compensação dos resultados da guerra Franco-Prussiana. Jules Ferry, condutor do expansionismo francês, usando como pretexto a invasão da Argélia por tribos tunisinas, ameaçou Túnis, e pelo tratado do Bardo (1881), completado pela convenção de Marsa (1883), instaurou o protetorado francês na Tunísia. Completava-se politicamente a intervenção financeira, embora, na aparência, governasse a mesma dinastia. No Sudão (depois anglo-egípcio), os britânicos apoiaram o quediva na repressão às tribos revoltadas sob a chefia de Mohammed-hmed. Assim, a Inglaterra acabou por ocupar todo o vale do Nilo.[49]
Na Conferência de Berlim (1884 - 1885) foi organizada a partilha de África pelas potências coloniais. A conferência foi proposta por Portugal e organizada por ismark. Participaram ainda o Reino Unido de Grã-Bretanha e Irlanda, a França, a Espanha, a Itália, a Bélgica, os Países Baixos, a Dinamarca, os Estados Unidos da América, a Suécia, a Áustria-Hungria e o Império Otomano. Como resultado desta conferência, a Grã-Bretanha passou a administrar toda a África Austral, com excepção das colónias portuguesas de Angola e Moçambique e o Sudoeste Africano que ficou com a Alemanha, toda a África Oriental, com excepção do Tanganica, que também ficou com a Alemanha, e partilhou a costa ocidental e o norte com a França, a Espanha e Portugal (Guiné-Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe); o Congo - que estava no centro da disputa, o próprio nome da Conferência em alemão é “Conferência do Congo” - continuou como “propriedade” da Associação Internacional do Congo, cujo principal accionista era o rei Leopoldo II da Bélgica; este país passou ainda a administrar os pequenos reinos das montanhas a leste, o Ruanda e o Burundi. [50]

Alegoria de 1904 que mostra as personificações nacionais Britannia e Marianne a dançar de alegria pela assinatura do tratado que estabeleceu relações cordiais entre Reino Unido e França.
No plano internacional, a disputa europeia no norte da África levou as potências a se agruparem em blocos rivais. A França e a Inglaterra, "após uma hostilidade de quase 20 anos, se aproximaram em 1904-05 com a Entente Cordiale. O Congo foi palco das disputas franco-belgas. Leopoldo II usou a Associação Internacional para Exploração e Civilização da África como instrumento da expansão belga. A seu serviço, o explorador Stanley anexou em 1879 os territórios congoleses. Ao mesmo tempo, Brazza conseguia para a França o baixo Congo. A Inglaterra apoiou então as pretensões portuguesas na região. Para resolver o impasse, as potências decidiram na conferência de Berlim (1884-85) a questão da navegação no Níger e Congo. Além disto, quando uma potência se instalasse no litoral, só poderia se apropriar do interior desde que realizasse uma ocupação efetiva, tendo que notificar às outras signatárias do ato geral da conferência.[49]
Firmou-se, assim, o conceito imperialista das zonas de influência. O Congo tornou-se um Estado independente em 1885, sob a soberania do rei belga. A exploração da área foi entregue a concessionários até que em 1908 o Congo tornou-se colônia belga.[49]
No Sudão ocidental, a França procurou alargar seus domínios, e até o fim do século XIX o Senegal, a Guiné, a Costa do Marfim, o Daomé (hoje Benin) e o Níger até Tombuctu estavam em suas mãos. As possessões inglesas de Gâmbia, Serra Leoa e Costa do Ouro, e o Togo alemão ficaram encravados na zona francesa. Mas a Companhia Privilegiada (inglesa) dominou o baixo Níger, originando-se a Nigéria, rica em produtos tropicais.[49]

Mapa francês de África (c. 1898) com as reivindicações coloniais. Posses alemãs a verde; posses belgas a laranja; britânicas a amarelo; francesas a rosa; portuguesas em púrpura; e a independente Etiópia a castanho.
A França reuniu as suas possessões do norte da África, o Sudão e o Congo, num só bloco. Em Madagascar, também impôs sua proteção, apesar da reação Hova. Foi preciso a intervenção militar cm Tananarive, e em 1895 a ilha era anexada ao império colonial francês, prosseguindo a Europa na corrida colonialista.[49]
A Alemanha, que, como a Itália, sofrera considerável atraso na política colonial devido à unificação tardia, lançou-se à África. No litoral atlântico restara a enorme região entre Angola e o Cabo. O alemão Lüderitz fixara-se em Angra-Pequena e comerciava com os hotentotes. Em 1884, o Sudoeste Africano tornou-se protetorado germânico. O explorador Nachtigal obteve, por tratados com os chefes locais, O Togo e os Camarões, C. Karl Peters anexou territórios na África oriental. Nessa região processou-se o choque anglo-alemão, principalmente em Uganda, já perturbada por querelas entre muçulmanos e ocidentais. Pelo tratado de 1 de julho de 1890, dividiu-se a África oriental em zonas de influência. A Alemanha dominou o planalto dos Grandes Lagos e a Inglaterra obteve protetorados em Zanzibar e Pemba e o domínio de Uganda e os territórios alemães estabeleciam, pois, a descontinuidade das posses dos britânicos.[49] Estes, em maio de 1894, davam ao Estado Independente do Congo (depois Congo Belga), a posse das terras do Bahr-el-Ghazal em troca de uma faixa de 25 km de largura na região dos lagos Alberto e Tanganica, permitindo ligar O vale do Nilo às possessões do sul.[51]
Em 1881 os mahdistas ocuparam o Sudão egípcio. A Inglaterra encarou a anarquia no alto Nilo como um perigo para sua posse no Egito, pois qualquer potência usaria esse pretexto para intervir no Sudão nilótico. Anos depois, os mahdistas atacaram Cartum, onde morreu o general Gordon, que defendia a praça. A França, sob a orientação do ministro Delcassé, pretendeu dominar a região. A expedição francesa saiu de Brazzaville em março de 1897 e chegou ao alto Nilo, em Fashoda (julho de 1898). Por sua vez, a Inglaterra enviou Kitchener que, retomando Cartum e destruindo as tropas mahdistas, chegou a Fashoda a 17 de setembro. A repercussão na Europa das disputas anglo-francesas foi enorme e quase se chegou à guerra. Mas a França recuou neste incidente, e a Inglaterra incorporou a região (Sudão Anglo-Egípcio).[52]
Na Abissínia, Orei Menelik II opôs-se às pretensões da Itália, derrotando-a em Aduwa (1896). A Abissínia fora o primeiro país africano a afirmar a sua soberania ante o avanço europeu. Em 1900 a França conquistou o Tchad.[52]

O Colosso de Rhodes: Caricatura de Cecil John Rhodes, depois que ele anunciou planos para uma linha de telégrafo, ferrovia e porto da Cidade do Cabo ao Cairo.
[52]
Na África do Sul a descoberta das minas de ouro e diamantes ocasionou a guerra da Inglaterra contra os bôeres. Cecil Rhodes, governador do Cabo e orientador da politica das companhias mineradoras, chefiou a conquista, a pretexto da ligação ferroviária do Cabo ao Cairo. Cercou as repúblicas bôeres. Concedeu a exploração das Rodésias e Bechuanalândia à Companhia Privilegiada. Fracassando numa primeira tentativa belicosa contra os bôeres (o rei de de Jameson) em 1896, Rhodes neutralizou os protestos alemães e, alegando a xenofobia do presidente bôer Kruger contra os estrangeiros (uitlanders), atacou os colonos africâneres em 1899. Mas a resistência bôer foi enorme e a opinião mundial exaltou-se Contra a politica violenta dos últimos anos da rainha Vitória. Em 1902 a Inglaterra vencia a guerra e em 1909 nascia a União Sul-Africana, domínio da Comunidade das Nações.[52]
No começo do século XX, resistiam ainda ao imperialismo o Marrocos e a Líbia, na África do norte. No Marrocos chocaram-se os interesses franco-alemães. O kaiser Guilherme II, desembarcando em Tânger, apoiou a tutela do sultão turco sob a proteção alemã. Mas na conferência de Algeciras teve que reconhecer o domínio francês do litoral. Quando, porém, a França tentou o interior marroquino, a Alemanha enviou uma canhoneira a Agadir (julho de 1911). Nesse período de "paz armada que precedeu a I Guerra Mundial, parecia que a luta armada entre as duas potências iria estourar. Porém o tratado de 4 de novembro de 1911 deixou o Marrocos à França, sendo a Alemanha compensada por cessões no Gabão, Congo e Ubangui.[52]
Invocando os maus tratos por que passavam seus colonos na Tripolitânia, a Itália declarou guerra à Turquia (setembro de 1911), que exercia poder nominal sobre a Líbia e rapidamente ocupou o litoral da Tripolitânia e Cirenaica, mas teve que enfrentar a guerra santa dos senusitas chefiados pelos turcos. Entretanto, devido aos problemas balcânicos que antecederam a I Guerra Mundial, o império otomano cedeu a região à Itália (1912).[52]
Os reflexos da I Guerra Mundial na África foram importantes porque significaram a interrupção do domínio alemão e turco no continente. Franceses, ingleses e belgas lançaram-se à conquista das colônias germânicas. No Sudoeste Africano, porém, a resistência foi grande, complicada com a reação bôer na União Sul-Africana. Na África Oriental Alemã os colonos resistiram por toda a guerra. Na África do Norte o tênue domínio turco esboroou-se e a Itália concluiu duramente o domínio da Cirenaica. Os tratados de Versalhes e Sévres confirmaram o fim do domínio alemão e turco na África, pois suas colônias foram repartidas entre as potências sob a forma de mandatos da Sociedade das Nações. O Togo e os Camarões foram repartidos entre Reino Unido e França. A África Ocidental Alemã ficou sob o mandato da União Sul-Africana. Tanganica ficou para a Inglaterra, e os sultanatos de Ruanda e Burundi, para a Bélgica. A Inglaterra realizava o sonho de unir o Cabo da Boa Esperança ao Cairo. No período entre-guerras, a Alemanha não cessou de exigir a devolução de suas possessões, principalmente na era nazista. Em 1935 a Itália, a menos aquinhoada das potências, invadiu a Abissínia. A Sociedade das Nações, já decadente, pouco fez. além de aplicar sanções inócuas. A 9 de maio de 1936, Mussolini proclamou a existência da África Oriental Italiana, reunindo num só bloco Abissínia, Eritreia e Somália.[52]

Soldado Alemão em campanha no Norte da África.
Na Segunda Guerra Mundial as colônias inglesas apoiaram a metrópole. Já no império colonial francês, o governo de Vichy conseguiu a adesão de grande parte do colonos, apesar do apelo do governo livre do general Charles de Gaulle.[52] Isso obrigou os aliados a uma ação militar contra os colaboracionistas do Eixo.[53] Em 1942 os ingleses ocuparam Madagascar. Na África do norte as potências aliadas e os nazi-fascistas disputaram violentamente seu domínio. A Líbia foi a base dos exércitos de Hitler. A Abissínia, dominada pelos fascistas, fazia perigar as rotas do Oriente. Nas areias do deserto do Sara as tropas de Erwin Rommel e Montgomery travaram uma luta difícil pelo afastamento das bases de suprimentos e pelas condições meteorológicas. Em 1942, O Afrika Korps atingia EI Alamein, em território egípcio. Derrotados, os alemães recuaram até a Tunísia. O desembarque norte-americano liquidou as pretensões do Eixo.[54]

 Nova era africana

Após a guerra, com o esgotamento das potências e a difusão das ideias democráticas, nasceu uma nova era para a África. De um lado, os ideais do nacionalismo africano e do pan-africanismo, agitando as populações nativas e levando-as à luta pela independência das colônias e sua união em blocos; e de outro, o neocolonialismo, procurando sob outras formas político-administrativas a perpetuação do domínio estrangeiro. Acrescem-se as disputas de facções locais, as influências do pan-arabismo, a luta contra o subdesenvolvimento, e os choques entre os mundos socialista e capitalista pelo predominio polítíco no continente, para onde se transferiu um novo front da guerra fria.[55]
Ainda em 1950, quase todo o continente africano - com exceção da Etiópia, África do Sul, Libéria e Egito - encontrava-se sob o domínio de potências europeias, na forma de colônias ou protetorados. Todavia, os anos seguintes assistiram à afirmação do nacionalismo africano e ao surgimento de movimentos de independência, assinalando o começo do rápido declínio do poder imperial na África.[55]
Três fatores avultaram na recessão do colonialismo africano. O primeiro deles foi o clima político e intelectual geral do século XX, que encontrou expressão política no conceito de autodeterminação dos povos e no crescente respeito pelos direitos do homem, consubstanciado na declaração integrada à Carta das Nações Unidas. Essa atmosfera internacional fundada numa nova ética possibilitou a plena atuação de um segundo fator: a tomada de consciência, pelos africanos, de sua própria força, concretizada numa efetiva ação emancipadora. O terceiro fator foi a substanvial alteração do equilíbrio mundial do poder, decorrente do enfraquecimento e da perda de influência das metrópoles coloniais europeias. Após duas desastrosas guerras mundiais, a Europa Ocidental já não dispunha de força militar ou econômica necessária para perpetuar seu imperialismo. A esse quadro de debilibitação justapunha-se a transformação dos Estados Unidos e da União Soviética, países declaradamente anticolonialistas, nas duas grandes potências do século XX.[55]
A crônica da descolonização diferiu, naturalmente, de país para país. De maneira geral, entretanto, onde existia uma infraestrutura, ainda que rudimentar, capaz de permitir a ocorrência de mudanças politicas e constitucionais, e onde a metrópole se mostrou suficientemente maleável às exigências das circunstâncias, a transição do colonialismo para a plena soberania fez-se de modo relativamente pacífico. No entanto, nos casos em que a potência colonial congelara suas políticas no contexto do espírito oitocentista, ela foi compelida a recorrer à guerra colonial a fim de manter a situação vigente, com o resultado de que a transição fez-se a preço de sangue e traumatismo.[55]

Mapa de África com as várias datas de independência.
Na África do norte, a Líbia adquirira sua independência em 1951, sob proteção da ONU. No Maghreb, a minoria estrangeira tentou por todos os modos manter o domínio colonial, já que enormes interesses industriais, agrícolas e minerais estavam em jogo. O pauperismo agravado pelo alto índice de natalidade, chegou a tal extremo que, depois da II Guerra Mundial, um inquérito constatou que 10% da população vivia da caridade pública, principalmente na Argélia. Nessas condições, o nacionalismo berbere progrediu rapidamente entre o enorme proletariado urbano, instável e pouco qualificado, atraído às cidades pelas indústrias europeias.[55]
Na África negra, os líderes realizavam, ao lado da propaganda intensiva, vários congressos e conferências africanos. Em 1955, na conferência de Bandung, que reuniu países afro-asiáticos subdesenvolvidos, os princípios de autodeterminação ganharam corpo. Líderes como Sekou Touré (Guiné), Jomo Kenyatta (Quênia), Mamadou Dia e Léopold Senghor (Senegal), Patrice Lumumba (Zaire, atual República Democrática do Congo), Kwame Nkrumah (Gana), Houphouet-Boigny (Costa do Marfim), Hastings Banda (Malawi), Julius Nyerere (Tanzânia) e Kenneth Kaunda (Zâmbia) passaram a reunir-se em congressos, como a conferência do Cairo (1957), a conferência do Estados Africanos Independentes (1958), o congresso de Cotonou (1958), a conferência dos Povos Africanos (1958) e as conferências sindicais de Brazzaville e Conakry (1959).[55]
O ano de 1960 marcou o apogeu da descolonização africana, com a independência de 17 países: Alto Volta, Camarões (Camarão), Costa do Marfim, Congo, Daomé (Benin), Gabão, Mali, Mauritânia, Níger, Nigéria, República Centro-Africana, República Malgaxe (Madagascar), Senegal, Somália, Tchad, Toga e República Democrática do Congo (ex-Zaire).[56] Nos anos seguintes, muitos outros países chegaram à independência, de modo que em 1968, com a independência de Guiné Equatorial, Maurício e Suazilândia, 42 países já se encontravam soberanos.[57]
Em 1974, os principais territórios não independentes que restavam na África eram as chamadas "províncias ultramarinas" de Portugal Angola, Moçambique e Guiné Portuguesa (Guiné-Bissau) -, onde ainda lavravam as guerras de libertação, conduzidas por vários grupamentos guerrilheiros. Com a derrocada final do salazarismo em Portugal naquele ano, acelerou-se o processo de independência dessas províncias - primeiro Guiné-Bissau (1974) e depois Angola, Moçambique e Ilhas do Cabo Verde e São Tomé e Príncipe (1975). Restava assim uma única grande colônia, o Sudoeste Africano (Namíbia), que permaneceu sob jurisdição da África do Sul até 1990, quando tornou-se independente. O Saara Ocidental foi dividido entre Marrocos e Mauritânia após a retirada espanhola (1976). A independência do território era reivindicada pela organização nacionalista Frente Polisário, cujos guerrilheiros fustigavam as tropas de ocupação. Em 1979, a Mauritânia retirou-se e, em 1991, preparava-se um plebiscito supervisionado pela ONU para decidir o futuro da região. Comores tornou-se independente da França em 1975 e Seychelles do Reino Unido em 1976. O território francês dos Afars e Issas ficou independente em 1977 com O nome de Djibouti.[57]
Na África meridional, o regime branco e segregacionista da Rodésia chegou ao fim em 1980, quando o país adotou o nome de Zimbabwe e elegeu um governo de maioria negra. Na África do Sul, após décadas de discriminação racial, o acordo entre o governo branco eleito em 1989 e os líderes negros já proporcionara, em 1991, a revogação da maioria das leis segregacionistas.[57]

 Problemas pós-coloniais


Localização da União Africana.
Um dos legados do colonialismo tem sido a dificuldade de cooperação entre os novos Estados africanos. Há, por exemplo, o problema do mosaico de fronteiras arbitrárias e ilógicas, que em sua maioria assinalam a extensão das conquistas coloniais ou da expansão imperial e que geralmente não têm qualquer relação com as fronteiras naturais, geográficas ou étnicas. O colonialismo gerou também uma identificação política e econômica com a metrópole colonial, particularmente forte no caso das ex-colônias francesas, e que persiste até hoje, acarretando inclusive um certo grau de dependência. Além disso, considerações extra-africanas ainda inibem a politica internacional de muitos Estados do continente.[58]
A relativa brevidade da dominação europeia na África teve também como resultado a fixação de instituições e hábitos das várias potências coloniais. A sobreposição de culturas estrangeiras e indígenas criou uma diferença de perspectiva entre os países africanos de língua inglesa e de língua francesa, que tende a dificultar ainda mais as relações entre esses dois grupos de países.[58]
Conscientes desses óbices, muitos líderes africanos têm-se esforçado por promover soluções pan-africanas para os problema do continente. Um dos principais resultados desses esforços foi a criação, em maio de 1963, da Organização da Unidade Africana (OUA) com sede em Adis Abeba. A Organização da Unidade Africana foi substituída pela União Africana em 9 de julho de 2002. A OUA teve êxito na mediação da disputa entre Argélia e Marrocos (1964-65), e nos litígios de fronteiras entre Etiópia e Somália (que tornaram a eclodir em 1977) e entre Quênia e Somália (1965-67), fracassando, porém, em sustar a guerra civil na Nigéria (1968-70). Todos os países africanos independentes pertencem à União Africana.[58]

 Geografia

A África está separada da Europa pelo mar Mediterrâneo e liga-se à Ásia na sua extremidade nordeste pelo istmo de Suez. No entanto, a África ocupa uma única placa tectônica, ao contrário da Europa que partilha com a Ásia a Placa Euro-asiática.
Do seu ponto mais a norte, Ras ben Sakka, em Marrocos, à latitude 37°21' N, até ao ponto mais a sul, o cabo das Agulhas na África do Sul, à latitude 34°51'15? S, vai uma distância de aproximadamente 8 000 km. Do ponto mais ocidental de África, o Cabo Verde, no Senegal, à longitude 17°33'22? W, até Ras Hafun na Somália, à longitude 51°27'52? E, vai uma distância de cerca de 7 400 km.
Para além do mar Mediterrâneo, a norte, África é banhada pelo oceano Atlântico na sua costa ocidental e pelo oceano Índico do lado oriental. O comprimento da linha de costa é de 26 000 km.

 Localização

Com uma área territorial de pouco mais de 30 milhões de quilômetros quadrados, o continente africano é o terceiro em extensão. Cortam a África, três dos grandes paralelos terrestres: Equador, Trópico de Câncer e Trópico de Capricórnio, além do Meridiano de Greenwich. Há cinco diferentes fusos horários. O continente tem o formato aproximado de um crânio humano visto de lado com o nariz - a península da Somália - apontado para leste.[59]
Estendendo-se de 37 graus de latitude norte a 34 graus de latitude sul e de 18 graus de longitude oeste a 51 graus de longitude leste, o território africano distribui-se pelos quatro hemisférios do planeta Terra. Por outro lado, está compreendido em apenas duas zonas climáticas: a zona intertropical (equatorial e tropical norte e sul) e temperada do norte e do sul.[60]
A África apresenta litoral pouco recortado e é banhada, a oeste, pelo oceano Atlântico; a leste, pelo oceano Índico; ao norte, pelo mar Mediterrâneo; e a nordeste, pelo mar Vermelho.[61]
Dentre os acidentes geográficos litorâneos, merecem destaque o golfo da Guiné no Atlântico Sul; e o estreito de Gibraltar, entre o Oceano Atlântico e o mar Mediterrâneo, junto da península Ibérica, na Europa. Há ainda no leste do continente, a península da Somália, chamada também de Chifre da África, e o golfo de Áden, formado por águas do oceano Índico e limitado pela península Arábica, que pertence à Ásia. Ao sul, encontra-se o cabo da Boa Esperança.[61]
A África não possui muitas ilhas ao seu redor. No Atlântico, localizam-se algumas, formadas por picos submarinos, como as Ilhas Canárias, bem como os arquipélagos de São Tomé e Príncipe e de Cabo Verde. No Oceano Índico encontram-se uma grande ilha — a de Madagáscar — e outras de extensão reduzida, entre as quais Comores, Maurício e Seychelles.[61]

 Relevo


O continente africano visto do Espaço.
O relevo africano, predominantemente planáltico, apresenta considerável altitude média - cerca de 750 metros. As regiões central e ocidental são ocupadas, em sua totalidade, por planaltos intensamente erodidos, constituídos de rochas muito antigas e limitados por grandes escarpamentos.[61]
Os planaltos contornam depressões cortadas por rios, nas quais também se encontram lagos e grandes bacias hidrográficas, como as do Nilo, do Congo, do Chade, do Níger, do Zambeze, do Limpopo, do Cubango e do Orange.[61]
Ao longo do litoral, situam-se as planícies costeiras, por vezes bastante vastas. Destacam-se, a oeste e nordeste do continente, quando se estendem para o interior. As planícies ocupam área menor do que a dos planaltos. Podemos citar as planícies do Níger e do Congo.[61]
Na porção oriental da África encontra-se uma de suas características físicas mais marcantes: uma falha geológica estendendo-se de norte a sul, o Grande Vale do Rift, em que se sucedem montanhas, algumas de origem vulcânica e grandes depressões. É nessa região que se localizam os maiores lagos do continente, circundados por altas montanhas, de mencionar o Quilimanjaro (5895 metros), o monte Quênia (5199 metros) e o Ruwenzori (5109 metros).[61]

Mapa topográfico do Saara.
Podemos destacar ainda dois grandes conjuntos de terras altas, um no norte, outro no sul do continente:[61]
Completando uma visão do relevo africano, é possível observar ainda a existência de antigos maciços montanhosos em diferentes pontos do continente: o da Etiópia, formado a partir de erupções vulcânicas, o de Fouta Djalon e o de Hoggar, além de vários outros.[61]
O Planalto dos Grandes Lagos assinala o início de inclinação do relevo africano, do leste para o continente, que favorece a drenagem de bacias fluviais interiores, como as dos rios Congo, Zambeze e Orange.[61]

 Clima


Mapa climático da África de acordo com a Classificação climática de Köppen-Geiger, antes do Sudão do Sul.
Cortando a parte central da África, o Equador estabelece uma grande semelhança entre os tipos de clima do norte e do sul. As porções setentrional e meridional do continente africano são as que apresentam os menores índices de pluviosidade; nas regiões próximas ao Equador, as chuvas são abundantes.[61]
Distinguem-se na África os climas equatorial, tropical, desértico e mediterrâneo.[61]
O clima equatorial, quente e úmido o ano todo, abrange parte da região centro-oeste do continente; o tropical quente com invernos secos domina quase inteiramente as terras africanas, do centro ao sul, inclusive a ilha de Madagascar; o clima desértico, por sua vez, compreende uma grande extensão da África, acompanhando os desertos do Saara e de Calaari; finalmente, o clima mediterrâneo manifesta-se em pequenos trechos do extremo norte e do extremo sul do continente, apresentando-se quente com invernos úmidos.[62]
A pluviosidade na África é bastante desigual, sendo a principal responsável pelas grandes diferenças entre as paisagens africanas. As chuvas ocorrem com abundância na região equatorial, mas são insignificantes nas proximidades do Trópico de Câncer, onde se localiza o Deserto do Saara, e do Trópico de Capricórnio, região pela qual se estende o Calaari.[62]
Localizados no interior do território africano, os desertos ocupam grande parte do continente. Situam-se tanto ao norte (Dyif, Iguidi, da Líbia - nomes regionais do Saara) quanto ao sul (da Namíbia - denominação local do Deserto de Calaari).[62]

 Hidrografia


O Rio Nilo como visto do espaço sideral.
Tendo as regiões norte e sul praticamente tomadas por desertos, a África possui relativamente poucos rios. Alguns deles são muito extensos e volumosos, por estarem localizados em regiões tropicais e equatoriais; outros atravessam áreas desérticas, tornando a vida possível ao longo de suas margens.[63]
A maior importância cabe ao rio Nilo, o segundo mais extenso do mundo (após o Solimões-Amazonas), cujo comprimento é superior a 6.500 quilômetros. Nasce nas proximidades do Lago Vitória, percorre o nordeste africano e deságua no mar Mediterrâneo. Forma, com seus afluentes, uma bacia de quase três milhões de quilômetros quadrados, cinco vezes mais extensa que o estado de Minas Gerais. O vale do rio Nilo, abaixo da confluência entre o Nilo Branco e o Nilo Azul, apresenta um solo extremamente fértil, no qual se pratica intensamente a agricultura, onde as principais culturas são o algodão e o trigo. As grandes civilizações egípcia e de Meroé, na Antiguidade existiram, em parte, em função de seu ciclo anual de cheias.[63]
Além do Nilo, outros rios importantes para a África são o Congo, o Níger e o Zambeze. Menos extensos, mas igualmente relevantes, são o Senegal, o Orange, o Limpopo e o Zaire.[63]
No que se refere aos lagos, a África possui alguns mais extensos e profundos, a maioria situada no leste do continente, como o Vitória, o Rodolfo e o Tanganica. Este último, com quase 1.500 metros de profundidade, evidencia com mais ênfase a grande falha geológica na qual se alojaram os lagos. O maior situado na região centro-oeste é o Chade.[63]

 Vegetação

Nas áreas de clima equatorial as chuvas são abundantes o ano inteiro; graças à pluviosidade, a vegetação dominante é a floresta equatorial densa e emaranhada. Ao norte e ao sul dessa faixa, onde o verão é menos úmido e a região está sujeita às influências marítimas, aparecem as savanas, que constituem o tipo de vegetação mais abundante no continente. Circundam essa região zonas em que as temperaturas são mais amenas, a pluviosidade menor e as estações secas bem pronunciadas. Aí se encontram estepes, que, à medida que alcançam áreas mais secas, tornam-se progressivamente mais ralas, até se transformarem em regiões desérticas.[64]
Ao longo do litoral do mar Mediterrâneo e da África do Sul, sobressai a chamada vegetação mediterrânea, formada por arbustos e gramíneas. Nesta área concentra-se a maior parte da população branca do continente.[64]

Leão descansando na Namíbia.
Como parte significativa de sua vegetação está preservada, a África conserva ainda numerosos espécies de sua fauna: a floresta equatorial constitui abrigo, principalmente, para aves e macacos; as savanas e estepes reúnem antílopes, zebras, girafas, leões, leopardos, elefantes, avestruzes e animais de grande porte em geral.[65]

 Regiões

Agrupar os países da África em conjuntos homogêneos não constitui tarefa simples. Entretanto, por razões didáticas, vamos dividir o continente em cinco regiões principais: África do Norte, África Ocidental, África Centro-ocidental, África Centro-oriental e África Meridional.[66]

África do Norte

A África do Norte é a mais extensa, comportando três subdivisões: os países do Maghreb, os países do Saara e o vale do Nilo.[66]

Vista aérea de Argel, a capital da Argélia.
A palavra maghreb, de origem árabe, significa "onde o Sol se põe", ou seja, o ocidente. Os países do Maghreb são Marrocos, a Argélia e a Tunísia. Na paisagem, os traços físicos mais marcantes são a Cadeia do Atlas, junto ao Mar Mediterrâneo, e o grande Deserto do Saara em que se distinguem dois trechos: um dominado por dunas arenosas, conhecido por Erg, e outro bastante pedregoso, denominado Hamadas.[67]

Magrebe, a parte ocidental do mundo árabe.
O clima da região é do tipo mediterrâneo na vertente norte do Atlas e do tipo desértico ao sul dessa cadeia. A população distribui-se de modo irregular: é densa nas áreas mais úmidas e, naturalmente, escassa nas áreas desérticas, onde predominam os árabes e os berberes, que geralmente professam o islamismo.[67]
Em virtude de condições naturais desfavoráveis, a agropecuária é pouco desenvolvida, embora empregue grande parte da população ativa desses países. Destaca-se a agricultura mediterrânea, em que se cultivam vinhas, oliveiras, cítricos e tâmaras. Pratica-se a pecuária extensiva nas áreas semiáridas e a pecuária nômade no deserto.[66]
Ricos em minérios, de que são grandes exportadores, os países do Maghreb conseguiram implantar vários centros industriais de destaque, como Argel, Túnis, Orã, Casablanca, Rabat, Fez e Marrakesh, que são algumas das maiores e mais belas cidades da África.[66]
A Argélia é rica em petróleo e gás natural, sendo também membro da OPEP. Marrocos e Tunísia são grandes exportadores de fosfatos, matéria-prima para a indústria de fertilizantes.[68]

Mapa topográfico do Saara.
O vasto Deserto do Saara se estende por diversos países, mas é o traço físico que nos permite agrupar Mauritânia, Mali, Níger, Chade e Líbia na mesma sub-região.[68] A aridez do solo e a predominância do clima desértico não favorecem as atividades econômicas; os obstáculos para a implantação de indústrias são muitos, e a agricultura só é possível junto aos oásis e em curtos trechos do litoral.[67]
Tais restrições do meio conduzem ao nomadismo grande parte da população, que, formada basicamente por negros e árabes, tem a pecuária como principal atividade econômica. Entretanto, o subsolo apresenta significativas reservas de petróleo, gás natural, ferro e urânio.[68]
A Líbia é o país mais importante desse grupo, tanto pela produção petrolífera quanto pela controvertida política externa, que tem chamado a atenção do mundo, em diversas ocasiões.[68]
Inclui-se ainda nessa sub-região o território do Saara Ocidental, que até 1976 pertenceu à Espanha e ainda não conseguiu tornar-se uma nação independente, pois é disputado pelo Marrocos, pela Mauritânia e pela Argélia, que pretendem anexá-lo ao seu território. Isso porque, entre outras razões, essa é uma região muito rica em fosfato.[69]
Apesar de Egito e Sudão também se encontrarem em meio ao Deserto do Saara, a presença do rio Nilo permite que os agrupemos em outra sub-região. Formado pelos rios Nilo Branco e Nilo Azul, o Nilo atravessa todo o território desses países, proporcionando melhores condições de vida para suas populações.
O vale por onde corre apresenta um solo extremamente fértil, no qual se pratica intensamente a agricultura. Em consequência desse fato, Egito e Sudão contam com uma população numericamente superior à dos outros países em que o deserto se faz presente. O Cairo é, aliás, a mais populosa cidade africana e uma das maiores do mundo, com mais de 11 milhões de habitantes. Há predominância de brancos, principalmente árabes e berberes, mas é grande a presença de negros na parte meridional do Sudão.[68]
Sustentáculo da economia local, a atividade agrícola responde por uma grande produção de algodão, à qual se seguem as colheitas de milho, trigo e arroz. O cultivo não ocorre apenas nas terras próximas às margens do Nilo, pois foram construídas várias barragens que possibilitam a irrigação de áreas desérticas relativamente distantes do leito.[68]
Pouco significativa no Sudão, a indústria é no Egito mais desenvolvida e diversificada, notadamente a siderúrgica, a elétrica e a têxtil, bem como as de produto químicos e alimentícios. Também em solo egípcio encontram-se reservas de petróleo e gás natural, além de ferro, fosfato e potássio.[68]
Esse quadro, aliado à posição estratégica, confere ao Egito o título de país mais importante da sub-região, cujas cidades principais são Cairo, Alexandria ambas egípcias e Cartum (no Sudão).[68]

 África Ocidental


Mapa do Golfo da Guiné.
Essa região situa-se entre o Deserto do Saara e o Golfo da Guiné e abrange 17 países independentes, alguns de reduzida área territorial.[69]
Os terrenos são antigos e, por essa razão, bastante erodidos, verificando-se a presença de formações rochosas cristalinas. Devido à sua posição geográfica, a região apresenta clima equatorial, com áreas de savanas ao norte e densas florestas ao sul, onde os índices de pluviosidade são mais elevados.[69]
Em virtude dessas características, a África Ocidental possui densidade demográfica maior que a da região do Saara. Concentra-se na Nigéria 60% de sua população, composta por negros do grupo sudanês.[69]
Todos os países são economicamente subdesenvolvidos, constituindo a agricultura sua atividade predominante. A lavoura de subsistência alterna-se com o cultivo de produtos tropicais destinado à exportação - café, cacau, amendoim, banana e borracha.[69]
A industrialização local, em expansão, depende em grande parte do capital estrangeiro. Os países mais desenvolvidos no setor são: Nigéria, Costa do Marfim e Senegal.[69]

[editar] África Centro-ocidental

Essa região agrupa quatro países: República Centro-Africana, Congo, República Democrática do Congo e Angola. Situa-se na porção equatorial do continente, limitada pelo Atlântico a oeste e por altas escarpas montanhosas e grandes falhamentos a leste, verificando-se, no restante do território, a alternância de planaltos e planícies cortados por rios caudalosos. O clima é quente e úmido nos países mais ao norte, verificando-se aí a presença de florestas equatoriais. Mais ao sul da região predominam o clima tropical e a formação vegetal das savanas.[70]
Trata-se de uma região de baixa densidade demográfica, cuja população compõe-se basicamente de negros, pertencentes em sua maioria ao grupo banto. As principais concentrações humanas ocorrem no Zaire e em Angola.[70]
A agricultura assemelha-se à da África Ocidental. A exploração mineral é muito importante para o Zaire e Angola, onde se encontram jazidas de cobre, cobalto, manganês e ferro. O extrativismo vegetal, notadamente de madeira, reforça a economia da região.[70]
Como em quase todo o continente, as indústrias são escassas, mas as descobertas de lençóis petrolíferos na faixa litorânea e o grande potencial hidrelétrico desses países oferecem-Ihes perspectivas de progresso.[70]

 África Centro-oriental


Imagem de satélite de Adis Abeba, a capital da Etiópia, situada a 2.400 metros de altitude.
Compreendida entre a Bacia do Congo e as águas do Mar Vermelho e do Oceano Índico, esta região agrupa dez países: Eritreia, Etiópia, Djibuti, Somália, Quênia, Tanzânia, Uganda, Ruanda, Burundi e Seychelles. Sua paisagem é bastante diversificada, verificando-se, em meio a poucas planícies e planaltos elevados, a presença de maciços montanhosos, grandes falhamentos, muitos vulcões e lagos. Predomina o clima tropical, com temperaturas atenuadas pela altitude. A vegetação também oferece um quadro variado: florestas equatoriais, savanas, estepes e formações típicas de áreas desérticas.[70]
Tampouco sua composição étnica revela-se homogênea: na Península da Somália, conhecida como Chifre da África por causa do formato peculiar, a população predominante é de negros do grupo banto, ao passo que em outras áreas encontra-se expressivo número de camitas, árabes, indianos e europeus. O contingente que habita a zona rural é mais numeroso do que o urbano; dentre as cidades, destacam-se Nairóbi, Mogadíscio e Adis-Abeba.[70]
A economia regional baseia-se na agricultura, que, organizada principalmente segundo o sistema de plantation, dedica-se aos produtos de exportação, como o café e o algodão. Os escassos recursos minerais consistem em pequenas jazidas de ouro, platina, cobre, estanho e tungstênio. Também nessa região a industrialização não atingiu um satisfatório grau de desenvolvimento.[70]
A África Centro-oriental é uma das regiões mais pobres e conflituadas do continente e tem vivido crises de seca e fome (Somália e Etiópia) e sangrentos conflitos étnicos, como entre hutus e tutsis em Ruanda e Burundi.[70]

 África Meridional


Centro de Joanesburgo, cidade mais rica da África do Sul.
Esta região, atravessada pelo Trópico de Capricórnio, é composta de doze Estados independentes. Em seu relevo predominam planaltos circundados pelas baixas altitudes da faixa litorânea. Em correspondência com o clima, que varia do tropical úmido ao desértico (na região do Calaari), passando pelo mediterrâneo, encontra-se uma vegetação também diversificada, em que se verifica a presença de savanas, estepes e até mesmo florestas (junto à costa do Oceano Índico).[70]
As reservas minerais constituem seu principal sustentáculo econômico. Destaca-se a mineração na África do Sul (ouro, diamantes, cromo e manganês) e na Zâmbia (cobre e cobalto). Como atividade geradoras de renda pode-se citar ainda a agricultura, representada por produtos de clima mediterrâneo (vinhas, oliveiras e frutas) e de clima tropical (cana-de-açúcar, café, fumo e algodão), além da criação extensiva de gado bovino.[71]
Na África do Sul, o país mais industrializado do continente, as indústrias concentram-se nas regiões metropolitanas de Joanesburgo, Cidade do Cabo e Durban. Este país teve a segregação racial oficializada pelo apartheid. Através desse regime, 15,5% da população, formada por brancos, dominava o país até 1994. As desigualdades sociais entre brancos e não-brancos são muito grandes.[71]
A Namíbia - país independente desde 1990 - esteve subordinada à África do Sul por 70 anos. Originalmente colonizada por alemães, passou para o controle sul-africano após a Primeira Guerra Mundial. O primeiro governante eleito da Namíbia independente foi Sam Nujoma, líder do movimento guerrilheiro por 30 anos.[71]

Matheus da silva Ursulino